Na filosofia antiga, evidência é a característica própria do conhecimento em seu grau máximo, isto é, do conhecimento alcançado pelo intelecto intuitivo (nous, nos termos aristotélicos) [2]:
...a observação de um certo número, ainda que limitado, de casos, basta à inteligência, segundo Aristóteles, para distinguir, nas coisas observadas, aquilo que é essencial do que é acidental, e para compreender portanto - com uma espécie de salto intuitivo do particular ao universal - a essência das coisas mesmas. Esse método é ainda mais válido quando se trata de conhecer os princípios básicos de toda ciência (axiomas). Portanto, para cada ciência, a inteligência (noesis) estabelece princípios e premissas, a partir dos quais o raciocínio (dianoia) tira conclusões específicas. Toda a lógica aristotélica é fundada sobre princípios não demonstráveis mas extraídos diretamente do intelecto.[3]
Em oposição à evidência, estaria a opinião, desprovida da clareza e da verdade, já que se baseia na ilusão dos sentidos. Observe-se que, em latim, evidentia deriva de evĭdens -entis, termo composto pela partícula intensiva e + videns, particípio do verbo videre, 'ver', significando, portanto, "que se vê bem e distintamente").[4]
No cartesianismo, evidência corresponde à constatação de uma verdade que não suscita qualquer dúvida, em decorrência do grau de clareza e distinção com que se apresenta ao espírito.