Parte I - A loja dos Espíritos!
______________________________________________________________
O silêncio sepulcral na sala dos passos perdidos intriga o Mestre de Cerimônias:
-
Já é meio dia em ponto. É hora de iniciarmos nossos trabalhos. Onde
estarão os irmãos? Talvez seja meia noite, vou bater maçonicamente à
porta do templo...
Ao
levantar a espada para dar as pancadas na porta, de súbito começam a
cair os quadros da galeria de ex-veneráveis, o chão treme, os lustres
balançam, as luzes piscam e a porta do templo se abre num rangido.
Assustado,
o Mestre de Cerimônias olha o interior do templo e, incrédulo, vê o
pavimento mosaico com uma enorme rachadura. Através dela brota um homem
magro, bigode retorcido, nariz adunco, olhar brilhante, face pálida e
lábios arroxeados: sintomas típicos da anoxia crônica provocada pela
tísica que lhe consumia os pulmões. O Mestre de Cerimônias reconhece o
grande poeta, mas antes que pudesse pedir-lhe um autógrafo para seus
filhos, é interrompido por ele. O baiano Castro Alves,
poeta dos escravos, o mais entusiasta dos abolicionistas, estudante da
Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, amante apaixonado da
atriz Eugênia Câmara, coloca-se à ordem (apesar das dificuldades pela
falta de seu pé direito amputado) e brada:
- GADU! ó GADU! onde estás que não respondes? Em que mundo, em qu'estrela tu t'escondes? Embuçado nos céus?
Mas não consegue concluir a declamação do seu tão famoso poema "Vozes D'África" porque surge das entranhas do templo D. Pedro I, interrompendo o poeta aos gritos:
...
_______________________________________________________________________
Leia o texto na íntegra ou da própria fonte: A loja dos Espíritos!